sábado, 29 de outubro de 2011

Considerações Iniciais

Em um primeiro momento, pensar em resgatar o percurso original do rio, desapropriar residências e indústrias pode parecer absurdo. Mas pergunto: quanto já foi investido em medidas estruturais - construção de barragens, canais extravasores, retificações e canalizações? Quanto já foi investido em obras para recuperar estragos causados pelas mesmas enchentes que tentamos frear e evitar com as medidas acima 
citadas?

Desde o primeiro ano de colonização as cidades do vale sofrem com enchentes recorrentes, ou seja, é um fenômeno natural da região. Com tantas catástrofes, é necessário que reflitamos sobre como estamos lidando com o meio ambiente: queremos errônea e insistentemente plasmá-lo conforme nossas necessidades sem compreender que é impossível controlar a natureza.

O Vale do Itajaí presenciou, em setembro deste ano, uma das piores enchentes que se tem registro. Em Brusque, por exemplo, o Rio Itajaí-Mirim alcançou a marca dos 11,80 metros acima do nível, quando o máximo já registrado foi de 9,90 metros (inclusive apresento uma tabela no painel 3 com níveis, risco anual e período de retorno). A região central foi a menos atingida, onde justamente foi construído o canal extravasor, em contra partida, diversos bairros sofreram inundações recordes.

Abaixo algumas fotos de Brusque:

Região central. Fonte: Rádio Cidade

Região central. Fonte: Rádio Cidade

Terminal Urbano no Centro. Fonte: Radio Araguaia


Região Central. Foto: Rádio Diplomata

Em primeiro lugar, apresentarei estudos de caso de cidades que investiram na recuperação e na reconciliação com seus cursos d’água. Após isso, postei todo o conteúdo do trabalho divididos em painéis, com todos os textos, fotos e mapas.

Postei, depois deste conteúdo, as imagens do trabalho disposto nos painéis para que seja possível visualizar como ficou a apresentação final.

Fiz uma postagem com todo o processo de fabricação e humanização da maquete física com algumas dicas e, por último, algumas referências bibliográficas.

Hope u enjoy it! 

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Estudo de Caso 01: Operação Bairro Novo - São Paulo | Brasil

São Paulo terá que enfrentar consistentemente o problema da gestão dos seus recursos naturais de modo sustentável e racional. Foi objetivo do Concurso Bairro Novo transcender as proposições teóricas ou acadêmicas. Pretende-se efetivamente criar um Bairro Novo em área de cerca de 1 milhão de m², numa região próxima ao centro de São Paulo, que se caracteriza por possuir ótimas condições de acessibilidade e pela existência de grandes glebas vazias ou sub-utilizadas de propriedade pública ou privada.

A indagação principal do concurso foi: Como deve ser o bairro ideal para morar em São Paulo no século XXI? Quais as características de suas ruas, seus espaços públicos, sua habitações, seus locais de trabalho e de lazer, seu abastecimento local? Como se deve nele circular: a pé, de automóvel, com veículo especial? E qual a mescla de atividades mais adequada para obter a melhor qualidade de vida possível, maximizando a tecnologia de ponta deste século e refletindo a cultura e os hábitos paulistanos, cosmopolitas? Qual o projeto de um novo grande bairro que possa ser exemplar e paradigmático de uma São Paulo metrópole global, mais justa, moderna e bonita? 

O projeto recupera a rua como lugar de animação e sociabilidade cotidiana. Dessa convicção surgem os espaços de recreação e encontro  que buscam a proximidade com os sistemas de circulação e com a água. Um modo de reinventar usos mais generosos da cidade, remetendo-se a um espaço de lazer mais do que consagrado no imaginário brasileiro: a praia urbana.

A praça de água resultante caracteriza tanto o sistema de espaços públicos do bairro, quanto o sistema técnica de drenagem, tratamento e reuso dos recursos hídricos. Fruto do afloramento do lençol freático não comprometido ambientalmente, define uma marcação identitária na paisagem do bairro, referenciando-o espacialmente como uma escritura de água no território da várzea.

Maquete Física  Projeto Bairro Novo: Arquiteto Euclides Oliveira, Arquiteto Dante Furlan e Arquiteta Carolina de Carvalho. FONTE: Vitruvius 

Projeto Bairro Novo: Arquiteto Euclides Oliveira, Arquiteto Dante Furlan e Arquiteta Carolina de Carvalho. FONTE: Vitruvius

Juntamente com o Bairro Novo acontece a Operação Urbana Água Branca: implantação de uma vila olímpica. O projeto é de autoria do arquiteto Paulo Mendes da Rocha e equipe. A concepção do projeto contempla a integração total da Vila Olímpica com a área urbana da Cidade. Assim, o uso pós-olímpico seria privilegiado, deixando um legado de enorme importância para São Paulo. O projeto prevê dois conjuntos funcionais definidos como Zona Residencial e Zona Internacional, configurados por meio de cinco estruturas espaciais que abrigariam: Áreas das Habitações, Área de Treinamento, Pavilhão Olímpico, Torres de Serviços e Esplanada das Bandeiras.

Operação Urbana Água Branca. Plano-Referência de Intervenção e Ordenação Urbanística. Vista de conjunto da área de atuação Vila Olimpica e Bairro Novo.
 FONTE: Vitruvius

Operação Urbana Água Branca. Situação e condições de uso e ocupação da área. 
FONTE: Vitruvius

  A construção da Vila Olímpica pretende impulsionar e “orquestrar” o processo de transformação das glebas não-urbanizadas e áreas lindeiras, reconfigurando-as como zona mista de comercio e serviços.

Estudo de caso 02: Resgate Córrego Cheonggyecheon – Seul | Coréia do Sul

O Córrego Cheonggyecheon foi construído durante a Dinastia Joseon (1392-1410) e era responsável pela drenagem de toda a cidade. O córrego sobreviveu durante centenas de anos, até 1940, quando a cidade se tornou populosa e se fixou em torno do córrego, poluindo-o. Gradualmente, o córrego foi coberto por concreto e nos anos de 1976 cerca de 5,6 km de vias elevadas foram construídos acima dele.

A via foi considerada um exemplo de sucesso da industrialização e permaneceu assim até 2003, quando urbanistas decidiram derrubá-la para revitalizar a área totalmente degradada e ajudar Seul a se tornar uma cidade moderna e ecologicamente correta, visando à sustentabilidade.

Parque linear - Margens vegetadas, passeios e passarelas para pedestres.
Fonte: http://www.ciclovivo.com.br/


Para revitalizar a zona urbana e recuperar o ambiente local, a prefeitura decidiu criar um parque público de quase 6 quilômetros de extensão: tratou de despoluir todo o canal, demolir uma quantidade de cerca de 600 mil toneladas de concreto e asfalto e criar um novo plano de paisagismo. Mais de 75% do material da demolição da antiga via foi reutilizado para a construção do parque e reabilitação do córrego.

Seul antes da intervenção - viaduto sobre leito do rio
Fonte: http://axelgrael.blogspot.com/2009/11/cheonggyecheon-em-seul-coreia-um.html


O Projeto de Restauração do Cheonggyecheon levou dois anos para ficar pronto e consumiu mais de 280 milhões de dólares, mas  colocou a capital sul-coreana na rota das cidades mais ambientalmente amigáveis do mundo.  
O projeto permitiu a construção de parques lineares que devolveram à população da cidade, cerca de 10 milhões de habitantes, o  contato com as margens do rio. Hoje, peixes, pássaros e insetos voltaram a povoar o local e a área em torno do parque é em  media 3.6 graus Celsius mais baixa do que em outras partes da cidade. 

A imagem revela a valorização da paisagem e intensa integração da população.
Fonte: http://ecourbana.wordpress.com/2008/09/15/seul-limpa-rio-poluido-em-tempo-recorde/

As cascatas, iluminação e a possibilidade de interagir com o rio atraem as pessoas. 
Fonte: http://ecourbana.wordpress.com/2008/09/15/seul-limpa-rio-poluido-em-tempo-recorde/

Além disso, Seul também ampliou a malha de transporte publico e fez  mudanças no fluxo dos veículos que  circulavam pelo centro da cidade.  Como resultado, houve aumento de  usuários do transporte publico que  utilizam ônibus e metrô. 


Estudo de Caso 03: Bring Back The Don - Toronto | Canadá

O Rio Don insere-se no sistema de bacias hidrográficas da Grande Biorregião de Toronto, Canadá, que abrange desde as montanhas Oak até o lago Ontário. A área da Bacia do Rio Don é de aproximadamente 360 km², sendo que o rio percorre 38 km de extensão da área abrangida pela metrópole e está intimamente ligado ao processo de crescimento urbano do território.

EVOLUÇÃO DA APROPRIAÇÃO DO RIO E IMPACTOS DECORRENTES - A colonização de Toronto teve início em 1787, cidade planejada para ser a capital do Canadá. Os primeiro colonizadores se instalaram nas proximidades do rio, aproveitando seu potencial energético, de mineração e potencial das matas ciliares para exploração da madeira.
Desde o final do século XVIII, a industrialização e a crescente urbanização ao longo das margens do rio foram ocasionando o processo de degradação ambiental de sua bacia hidrográfica. Os últimos 5 km de meandros do baixo curso do rio foram canalizados e retificados, os alagados desapareceram e, junto com eles a riqueza da fauna e flora. O ciclo hidrológico foi, portanto, severamente alterado pela expansão urbana.

O processo de recuperação do rio - Bring back the Don - teve início na década de 90 com adesão do Poder Público nas instâncias municipal, estadual e federal, estabelecendo objetivos, diretrizes e metas de acordo com as características e peculiaridades de cada trecho de intervenção.

Trecho 1 - atividades recreacionais passivas, pequena represa para criação de lago, lago de drenagem para criação de habitats para pesca, diques para contenção de inundações, revegetação. Fonte: http://nl.dreamstime.com/

As propostas de recuperação foram baseadas em ações inter-relacionadas, objetivando restabelecer a saúde e a  diversidade, e resgatando o vale e o rio para a cidade.  Assim, o rio poderia ser novamente apreciado e vivenciado  como uma parte essencial da vida urbana, traduzidas em  desenhos e políticas que visavam ações para o futuro.  

Trecho 01 - represa para criação de habitats e para atividades aquáticas. 
 Fonte:  http://www.architecturelist.com 


Detalhe requalificação orla central de Toronto, na região da Foz do Rio Don. Fonte: Livro Rios e Cidades, Ruptura e Reconciliação.


Foram identificados três segmentos que representam unidades distintas, contribuindo para a formulação das estratégias específicas de planejamento. A hidrologia foi vista como um todo, vislumbrando o objetivo de re-conexão do rio com o lago e com a cidade.

·TRECHO 1 - seção do alto Don com meandros originais e abrangência dos tributários: 
atividades recreacionais passivas, pequena represa para criação de lago, lago de drenagem 
para criação de habitats para pesca, diques para contenção de inundações, revegetação;
·TRECHO 2 - seção canalizada e fisicamente restrita ao rio: recomposição da mata ciliar, 
sistema de trilhas para pedestres, reconfiguração das cercas de fechamento do vale, 
recreação passiva, escadas para conectar a ponte à orla, novos espaços verdes 
interconectados.
·TRECHO 3 - foz do Don com sua angulação desembocando no Lago Ontário, circundada por 
vias expressas elevadas e o porto: recreação passiva, espaços abertos educacionais, conexão 
biofísica rio-lago, recuperação do delta e construção de banhados, área perimetral de maior 
densidade de uso comercial e industrial (indústrias verdes).


O programa da força tarefa Bring Back the Don é um projeto de longo prazo, em andamento, e submetido a constantes revisões. Por meio de ações continuadas de política pública, e com acompanhamento e participação da sociedade civil, as propostas têm sido concretizadas e o Plano têm alcançado seus objetivos.



Conteúdo Painél 01

CONTEXTUALIZAÇÃO


As cidades podem ser classificadas, na visão ecológica, como um ecossistema incompleto ou heterotrófico, dependente de grandes áreas externas a ele, para obtenção de toda ordem de suprimentos, garantindo assim sua manutenção e sobrevivência. 

A industrialização foi o motor das transformações na sociedade. Esta nova forma de cidade regida pelo capitalismo, além de modificar as formas de trabalho, altera também as relações sociais e as formas de apropriação do espaço: calçada na concepção de que os recursos naturais são infinitos, ocorreu a destruição e a exploração sem limites de outros ecossistemas para garantir a funcionalidade do primeiro. A civilização industrial relegou, e relega ainda hoje, todos os limites de interferência sobre os recursos naturais, explorando e deteriorando todos os ecosistemas resposáveis por sua manutenção; tranformando também áreas urbanas não em um local de convívio, encontro, moradia, trabalho e lazer, mas em um emaranhado de prédios cujas funções se limitam somente em morar e a trabalhar. Em 1972 Bateson definia as idéias da civilização como: a humanidade contra o ambiente, a humanidade contra a própria humanidade. É justamente por este desenrolar que as cidades hoje são palco de vastos problemas de ordem social, econômica e ambiental.

Segundo Maria de Assunção Ribeiro Franco, a sustentabilidade se assenta em três princípios fundamentais: a conservação dos sistemas ecológicos sustentadores da vida e da biodiversidade; a garantia da sustentabilidade dos usos que utilizam recursos renováveis e o manter as ações humanas dentro da capacidade de carga dos ecossistemas sustentadores. O conceito é complexo e exige mudanças fundamentais na maneira de pensar, viver, produzir e consumir.

A partir do século XIX começa, de forma pontual, o conflito entre desenvolvimento econômico e conservação e, hoje, a necessidade de adoção de padrões éticos que delimitem o grau das interferências humanas nos biomas terrestres é de tal ordem que fazem com que os conceitos considerados utopia romântica no mesmo século, passem a ditar preceitos de preservação e conservação nas agendas de desenvolvimento sustentável para o século XXI. 

O rio sempre permeou as manifestações culturais ao longo da história e, para diversas civilizações, sua presença significa riqueza e poder, mas também fúria e destruição. No Vale do Itajaí não foi diferente: as histórias de freqüentes enchentes que assolaram diversas regiões desde o início de sua colonização, marcam o Vale de maneira profunda e não podem ser desconsideradas quando se trata em estabelecer estratégias e ações que visem resolver problemas ambientais, econômicos e sociais.

A evolução desordenada das cidades e o uso e ocupação do solo de maneira inadequada, conseqüência de inúmeros fatores, anulou a importância do rio, reduzindo a sua presença a apenas sintomas perturbadores: mau cheiro, obstáculo à circulação e ameaça de inundações. O que outrora fora a base de toda a colonização e marco paisagístico, reduziu-se a áreas de conflito e de deterioração ambiental.

Pretende-se analisar o município de Brusque e estabelecer medidas de curto, médio e longo prazos para a problemática das enchentes partindo de uma visão integrada da bacia do Vale do Itajaí, resgatando a ruptura com o rio e alterando a percepção do  mesmo na paisagem em que está inserido. A partir da reconciliação e resgate do Rio surgirá um novo desenho urbano, com base nos preceitos do urbanismo, planejamento e desenho ambiental sustentáveis.

LOCALIZAÇÃO

A cidade de Brusque está inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí ao sul do Brasil, no estado de Santa Catarina. De forma mais específica, localiza-se na Zona do Médio Itajaí Mirim, que abrange parte das cidades de Lontras, Ibirama, Apiúna, Brusque, Botuverá, Guabiruba, Itajaí e Gaspar. A bacia compreende uma área de 15.000 km2, dos quais cerca de 80% se encontram na região da Mata Atlântica, montanhosa e fortemente entrecortada por rios e ribeirões.


Área - 283,45 km² 
Habitantes em 2010 - 105.495 mi habitantes (censo IBGE) 
Bioma - Mata Atlântica 
Posicionamento Geográfico - porção nordeste de SC 
Limites: 
 o Norte: Gaspar e Itajaí 
 o Sul: Nova Trento e Canelinha 
 o Leste: Itajaí e Camboriú 
 o Oeste: Guabiruba e Botuverá 


HISTÓRICO DE BRUSQUE


Na história das colonizações, o rio é a lógica que norteia a seleção do local para estabelecer as primeiras vilas e aldeias, por razões funcionais, estratégicas, culturais e patrimoniais.

“A História da colonização do Vale do Itajaí remonta ao início do século XIX. Havia, então uma razão importante para concentrar grandes contingentes imigratórios entre o planalto e o litoral de Santa Catarina. Os imigrantes não escolheram deliberadamente essas regiões de floresta para colonizar. Foi a colonização a estratégia adotada para abrir vias de comunicação entre o litoral e o planalto, e, o mais viável, era acompanhar os principais rios do vale.” 
Beate Frank, Uma abordagem para o gerenciamento ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí, com ênfase no problema das enchentes.

A colonização das terras de Santa Catarina, a partir do século XVII, deu-se principalmente ao interesse da Coroa Portuguesa na exploração de possíveis minas de ouro e a disputa com a Coroa Espanhola, que entendia lhe pertencerem as terras catarinenses. Durante o século XVII, os primeiros núcleos populacionais do litoral do Estado foram fundados: São Francisco do Sul (1658), Nossa Senhora do Desterro - Florianópolis- (1672) e Laguna (1684). A partir do século XVIII foram feitas diversas recomendações à Coroa para que se promovessem ocupações nas terras do Vale do Itajaí, consideradas férteis e estratégicas para a colonização. A primeira colônia instalou-se em Itajaí.

Centro de Brusque em 1957. Foto: Casa de Brusque

Logo depois que Itajaí foi elevado à categoria de Município, em abril de 1859, o Governo Imperial resolveu incrementar o desenvolvimento da região. Deste modo, foi autorizada a fundação da nova colônia à margem esquerda do rio Itajaí-Mirim com 4 léguas quadradas de superfície. Presidia então a Província de Santa Catarina o conselheiro Carlos de Araújo Brusque.

Em 4 de agosto de 1860, os primeiros 54 colonos alemães desembarcaram sob a chefia do Barão Schneeburg, a nova aglomeração tomou o nome de Colônia de São Luís Gonzaga. Essa denominação era pouco depois substituída pela de Itajaí. Finalmente em 17 de janeiro de 1890 o território fora denominado Brusque.

Com as notícias das possibilidades do solo, da grande quantidade de madeiras, e em vista da subvenção concedida pelo governo, novas levas de imigrantes rumaram para a colônia em formação. Os colonos eram empregados na construção de estradas e caminhos vicinais. Em fevereiro de 1861, a população era de 657 pessoas.

À medida que estradas eram abertas dentro do próprio município, para a ligação entre bairros e, especialmente para conexão das cidades limítrofes, os bairros se desenvolveram e urbanizaram  gradativamente. 

Construção Túnel Avenida Beira-Rio (lado direito) em 1989.
Fonte: Casa de Brusque


Construção Avenida Beira-Rio (lado direito) em 1989.
Fonte: Casa de Brusque


A instalação dos primeiros colonos se fez na Avenida das Carreiras (atual Hercílio Luz), seguido pela 1º  de Maio com a abertura da estrada entre Avenida das Carreiras e Poço Fundo, e ainda em alguns  trechos entre Av.das Carreiras e Cedro Grande. Por volta de 1960 grandes avanços na ocupação foram  registrados com a ocupação da Avenida Cônsul Carlos Renaux (atual via principal central) e  construção da Rodovia Ivo Silveira (ligação entre Brusque e Gaspar/Blumenau), Rodovia Antônio Heil  (ligação entre Brusque e Itajaí), Rua São Pedro (ligação entre Brusque e Guabiruba) e Avenida Beira  Rio (lado direito do Rio Itajaí Mirim). 


Praça Barão de Schneéburg (centro I) em 1960.
Foto: Casa de Brusque.


Vista do Centro: Lagoa natural que existia na Avenida das Comunidades em 1960. 
Fonte: Casa de Brusque


Conteúdo Painél 02

DETERIORAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

“A água é um dos elementos mais problemáticos, contraditórios e complexos da  natureza e da edificação. Indispensável e ameaça e, por isso é desde sempre, um desafio  o seu controle, utilização e usufruto.”
 J. Lamas, “Arquitectura e água”. Lisboa, abril de 2005.


 No final de 1860 (ano da fundação do município), Brusque contava com 657 habitantes, cem anos após, com cerca de 15.000. Após 1960, com a construção de estradas e maior conectividade inter urbana e municipal, a cidade já contava com 76.058 habitantes no ano de 2000. Atualmente, pelo senso de 2010 do IBGE, a população do município é de 105.495 habitantes, sendo que 96,7% dessa população é urbana.
Fica claro desta forma a explosão demográfica sofrida, causando deterioração em todos os sistemas que compõe a cidade: sistema viário, sistemas de drenagem fluvial e de saneamento, usos e ocupações, impermeabilização do solo, supressão da vegetação e a desvalorização dos recursos naturais e da paisagem. As imagens ao lado ilustram a explosão demográfica sofrida.

Fotografia da construção da Rodoviária Municipal juntamente com a Av. Bepe Rosa (Beira Rio) em 1989. Nota-se que existiam poucas edificações, tanto na margem esquerda quanto na direita.

A fotografia acima  é do ano de 2010, do alto do Morro do Planetário com visão para os bairros Centro I e Centro II, mostra o quanto a cidade expandiu e verticalizou em poucos anos,, não somente na região central, mas em toda a sua extensão.

Abaixo imagens dos Bairros Centro II (foto 01) e 1º de Maio (fotos 02 e 03), na região central de Brusque, após enxurrada. Em alguns trechos os alagamentos chegaram a 2 metros acima do nível da rua. Os tributários canalizados, a impermeabilização do solo e a ocupação de áreas riberinhas fizeram do ocorrido uma catástrofe, pois praticamente todos os bairros do município sofreram inundações como nunca visto anteriormente.

Foto: Ronaldo Sanchez

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Foto: Thaís Parente

Foto: Thaís Parente


“Por um lado, em todo o mundo, ao longo do tempo, grande parte dos cursos d'água que se localizam no meio urbano sofreu um processo de degradação contínua, transformando-se em alvo de esquecimento e rejeição. Por outro, o meio urbano vem sendo constantemente exposto a inundações, à carência de mananciais adequados para 
abastecimento público, além de sofrer a desqualificação da paisagem fluvial.” 
Maria Cecília Barbieri Groski, em Rios e Cidades, Ruptura e Reconciliação


A leitura do rio Itajaí-Mirim foi se tornando cada vez menos decifrável à medida que no processo de expansão, a cidade foi intervindo, transformando-o num leito fabricado para vencer enchentes, obstáculos geográficos e ganhar áreas para ocupação, plasmando-o de acordo com suas conveniências. 

Na foto abaixo um dos trechos do canal extravasor construído para aumentar a vazão das águas e impedir inundações da região central da cidade. Os próximos bairros à jusante passaram a sofrer com a transferência de áreas alagáveis, além de toda a depredação ambiental.

Foto: Thaís Parente

TRANSFORMAÇÃO DO RIO ITAJAÍ MIRIM

A economia das cidades do Vale abalava-se a cada enchente, os estragos e perdas eram incalculáveis, gerando conseqüências desastrosas para a sociedade. Após três enchentes catastróficas num mesmo ano as autoridades federais se conscientizaram a respeito da intensidade e gravidade da situação, iniciando estudos acerca do problema. O projeto constituía a construção de barragens para a contenção das águas. A discussão e definição das barragens prolongaram-se até 1961 quando outra enchente de grande proporção assolou todo o vale, inclusive a cidade de Brusque que teve 90% do seu território urbano alagado. Neste momento, partiu-se, finalmente, para a construção das barragens Sul e Oeste e retificações dos rios Itajaí Açú e Mirim. Além do problema das enchentes, Brusque e as demais cidades iniciaram o processo de retificação dos rios também para facilitar, tanto a construção de estradas, como a urbanização das margens.
Segundo Frank, em outras palavras, os estudos para apontar as medidas que pudessem corrigir os entraves do desenvolvimento econômico do vale do Itajaí resultaram apenas num projeto de controle de cheias. Os demais aspectos, como repensar a ocupação das várzeas e a degradação dos cursos d'água, foram aos poucos sendo abandonados. Além da retificação do rio Itajaí-Mirim, um canal extravasor foi construído em Brusque entre os anos de 1998 e 2006. 

Abaixo mapa do município com levantamento do Rio Itajaí-Mirim e imagens aéreas de 1963 quando as retificações tiveram início. 
Em azul: percurso atual; em vermelho: percurso original do Rio Itajaí Mirim

Fonte Imagem: Arcgis Explorer.
Desenho e Graficação: Thaís Parente




Fonte Fotografias: Casa de Brusque


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Conteúdo Painél 04

MAPEAMENTO MUNICÍPIO


cursos d'água   reencontro   parque linear   manejo águas pluviais   recuperar   meio ambiente   paisagem   valorização   redesenhar   percepção   adaptação   cidade urbana   cidade humana   visão integrada   sustentabilidade   reinserção   despoluição corpos d'água   cultura   transportes alternativos   resgate morfológico   lazer   contemplação   esporte   consciência ambiental   conectividade   infra-estrutura   mobilidade   conservação    reconciliação   apropriação do espaço   solos permeáveis


TRANSFORMAÇÃO



TEMPO


Conteúdo Painél 05

PLANO MACRO

A proposta para o município de Brusque consiste em promover a reconciliação e o reencontro com o Rio Itajaí Mirim através da reestruturação total de áreas à jusante.  
O projeto visa devolver ao corpo d'água seu leito secundário, freqüentemente requerido pelo mesmo, através da desocupação dos usos impróprios existentes e intervenções que resgatarão os exercícios de conscientização ambiental, de cultura e contemplação, de lazer e de esporte, incorporando o rio em todas as atividades.
As inundações são fenômenos cíclicos e aleatórios, desta forma, serão propostos usos que entrem em conformidade e que sejam compatíveis com a natureza do local. Não se tem a pretensão de evitar inundações, mas sim, evitar as catástrofes geradas pelas mesmas, em virtude da ocupação desvirtuada.
A partir de análise do município, surge um plano macro com estratégias para toda a sua extensão, garantindo o desenvolvimento da cidade, plasmando-a no meio ambiente em que está inserida. 
Devido à escala e nível de interferência municipal, entende-se que o projeto incorpora medidas de curto, médio e longo prazo. Assim como o processo de deterioração urbana ocorreu, gradativamente, desde a colonização das cidades - sem o devido respeito aos ecossistemas pela falta de conhecimento - , a ação de recuperação e reestruturação do ambiente degradado tende a caminhar na mesma velocidade por se tratarem de espaços urbanos consolidados que sofrerão profundas mudanças para alcançar melhorias na qualidade espacial e de vida, e a sustentabilidade do meio em que habitamos. 


Legenda:
Trecho 01 |  estação esportes náuticos, academia para todas as idades, escola para educação ambiental, campinhos e quadras.
Trecho 02 | academia para todas as idades, oficinas e ateliês para aulas de dança, música, artesanato e etc,  playground, pista patinação e skate.
Trecho 03 |  escola para educação ambiental, estação esportes náuticos, gastronomia, ginásio esporte.
Trecho 04 |  bicicross, patinação e skate, academia para todas as idades e SESC.
Trecho 05 |  manejo pluvial para bairro centro, gastronomia, auditório externo, playground, oficinas e ateliês para aulas.
Trecho 06 | local eventos (fenajeep, fenarreco, rodeio municipal, shows, esportes CROSS, feiras e exposições), escola de educação ambiental, clube e estação náutica, gastronomia flutuante, auditório externo, pista patinação e skate.
Trecho 07 | academia todas as idades, quadras de esporte, gastronomia, oficinas e ateliês para aulas.
Trecho 08 | estação esportes náuticos, escola de educação ambiental, playground, pista patinação e skate.
Trecho 09 | gastronomia flutuante, quadras de esporte, academia todas as idades, auditório externo, ateliês e oficinas para aulas.
Trecho 10 | estação esportes náuticos, escola de educação ambiental, pista patinação e skate, playground.

* Unidades do Corpo de Bombeiros e Terminais Urbanos em locais estratégicos e, principalmente, livre de enchentes e inundações. Desta forma, evita-se que estes equipamentos permaneçam inoperantes em dias de enchente, como ocorre atualmente por se localizarem no leito secundário do Rio Itajaí Mirim.

*As atividades nos trechos foram distribuídas ao longo do município de forma a propiciar e contribuir para o intercâmbio entre comunidades.


Nesse processo de reestruturação se faz necessário rever também as formas de locomoção e  transporte existentes. Brusque possui 45.348  automóveis particulares, que equivale a 2,32  habitantes por veículo (dados IBGE 2010), contra  uma frota de 166 ônibus (entre coletivos e escolares)   e apenas um  terminal urbano no centro da cidadel- um total de 635,5  habitantes por ônibus, que possui capacidade para  45 pessoas. A cidade garante sua posição entre os  municípios que mais possuem veículos particulares  em proporção com o número de habitantes, reflexo  (principalmente) de um transporte coletivo  ineficiente. Desta forma, será proposta a pulverização de terminais urbanos e utilização de locomoção alternativa nas  áreas reestruturadas ao longo do rio, garantindo  eficiência e sustentabilidade na conectividade  intermunicipal. 

Conteúdo Painél 06

APRESENTAÇÃO ÁREA DETALHADA - TRECHO 06


Escala Intermediária - percepção relação trecho 06 com o entorno:
O mapa abaixo abrange os bairros Centro I e II, São Luiz, Santa Rita, Maluche, Steffen e Guaraní, localizados na porção central de Brusque. O trecho 06 será um parque que contemplará elementos arquitetônicos com estruturas mistas de usos flexíveis e versáteis, mantendo a realização de eventos que fazem parte da história e evolução do bairro, tais como a Fenajeep e a Festa Nacional do Marreco (Fenarreco). A Fenarreco, em especial, encontra-se sem infra estrutura adequada para a sua realização, ocasionando sua gradativa falência. 


Abaixo, imagem de satélite da área detalhada (trecho 06). Em amarelo o traçado original do Rio:


Legenda:
A | Pavilhão da Fenarreco
B | Arena Multiuso
C | Hotel Monthez
D | Havan
E | Rodoviária
F | Pista Kart -  permaneceu desativada para este fim de 1991 à 2010. A área costumava receber estrangeiros que esculpiam monumentos em blocos de mármore, hoje destribuídos na Praça das Esculturas e às margens da Rodovia Antonio Heil (SC 486).
G | Terminal Urbano
H | Praça das Esculturas

Fotos:

Vista da Av. Antônio para a área. No morro à esquerda o Hotel Monthez. À Direita e ao fundo dá pra ver o Pavilhão da Fenarreco  e Arena Multiuso.


Av. Antônio Heil, ao lado do Pavilhão da Fenarreco.

Praça das Esculturas - monumentos esquecidos, praça abandonada... 


Avenida Beira-Rio


Avenida Beira-Rio - extensas áreas em desuso.


Avenida Beira-Rio


Área em em frente ao Pavilhão da Fenarreco destinada para Fenajeep, Rodeio Municipal e estacionamento (quando ocorrem eventos).


Área de fronte ao Pavilhão, ao fundo, Arena Multiuso.