sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Conteúdo Painél 02

DETERIORAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

“A água é um dos elementos mais problemáticos, contraditórios e complexos da  natureza e da edificação. Indispensável e ameaça e, por isso é desde sempre, um desafio  o seu controle, utilização e usufruto.”
 J. Lamas, “Arquitectura e água”. Lisboa, abril de 2005.


 No final de 1860 (ano da fundação do município), Brusque contava com 657 habitantes, cem anos após, com cerca de 15.000. Após 1960, com a construção de estradas e maior conectividade inter urbana e municipal, a cidade já contava com 76.058 habitantes no ano de 2000. Atualmente, pelo senso de 2010 do IBGE, a população do município é de 105.495 habitantes, sendo que 96,7% dessa população é urbana.
Fica claro desta forma a explosão demográfica sofrida, causando deterioração em todos os sistemas que compõe a cidade: sistema viário, sistemas de drenagem fluvial e de saneamento, usos e ocupações, impermeabilização do solo, supressão da vegetação e a desvalorização dos recursos naturais e da paisagem. As imagens ao lado ilustram a explosão demográfica sofrida.

Fotografia da construção da Rodoviária Municipal juntamente com a Av. Bepe Rosa (Beira Rio) em 1989. Nota-se que existiam poucas edificações, tanto na margem esquerda quanto na direita.

A fotografia acima  é do ano de 2010, do alto do Morro do Planetário com visão para os bairros Centro I e Centro II, mostra o quanto a cidade expandiu e verticalizou em poucos anos,, não somente na região central, mas em toda a sua extensão.

Abaixo imagens dos Bairros Centro II (foto 01) e 1º de Maio (fotos 02 e 03), na região central de Brusque, após enxurrada. Em alguns trechos os alagamentos chegaram a 2 metros acima do nível da rua. Os tributários canalizados, a impermeabilização do solo e a ocupação de áreas riberinhas fizeram do ocorrido uma catástrofe, pois praticamente todos os bairros do município sofreram inundações como nunca visto anteriormente.

Foto: Ronaldo Sanchez

´
Foto: Thaís Parente

Foto: Thaís Parente


“Por um lado, em todo o mundo, ao longo do tempo, grande parte dos cursos d'água que se localizam no meio urbano sofreu um processo de degradação contínua, transformando-se em alvo de esquecimento e rejeição. Por outro, o meio urbano vem sendo constantemente exposto a inundações, à carência de mananciais adequados para 
abastecimento público, além de sofrer a desqualificação da paisagem fluvial.” 
Maria Cecília Barbieri Groski, em Rios e Cidades, Ruptura e Reconciliação


A leitura do rio Itajaí-Mirim foi se tornando cada vez menos decifrável à medida que no processo de expansão, a cidade foi intervindo, transformando-o num leito fabricado para vencer enchentes, obstáculos geográficos e ganhar áreas para ocupação, plasmando-o de acordo com suas conveniências. 

Na foto abaixo um dos trechos do canal extravasor construído para aumentar a vazão das águas e impedir inundações da região central da cidade. Os próximos bairros à jusante passaram a sofrer com a transferência de áreas alagáveis, além de toda a depredação ambiental.

Foto: Thaís Parente

TRANSFORMAÇÃO DO RIO ITAJAÍ MIRIM

A economia das cidades do Vale abalava-se a cada enchente, os estragos e perdas eram incalculáveis, gerando conseqüências desastrosas para a sociedade. Após três enchentes catastróficas num mesmo ano as autoridades federais se conscientizaram a respeito da intensidade e gravidade da situação, iniciando estudos acerca do problema. O projeto constituía a construção de barragens para a contenção das águas. A discussão e definição das barragens prolongaram-se até 1961 quando outra enchente de grande proporção assolou todo o vale, inclusive a cidade de Brusque que teve 90% do seu território urbano alagado. Neste momento, partiu-se, finalmente, para a construção das barragens Sul e Oeste e retificações dos rios Itajaí Açú e Mirim. Além do problema das enchentes, Brusque e as demais cidades iniciaram o processo de retificação dos rios também para facilitar, tanto a construção de estradas, como a urbanização das margens.
Segundo Frank, em outras palavras, os estudos para apontar as medidas que pudessem corrigir os entraves do desenvolvimento econômico do vale do Itajaí resultaram apenas num projeto de controle de cheias. Os demais aspectos, como repensar a ocupação das várzeas e a degradação dos cursos d'água, foram aos poucos sendo abandonados. Além da retificação do rio Itajaí-Mirim, um canal extravasor foi construído em Brusque entre os anos de 1998 e 2006. 

Abaixo mapa do município com levantamento do Rio Itajaí-Mirim e imagens aéreas de 1963 quando as retificações tiveram início. 
Em azul: percurso atual; em vermelho: percurso original do Rio Itajaí Mirim

Fonte Imagem: Arcgis Explorer.
Desenho e Graficação: Thaís Parente




Fonte Fotografias: Casa de Brusque


Nenhum comentário:

Postar um comentário