sexta-feira, 28 de outubro de 2011

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CONTEXTUALIZAÇÃO


As cidades podem ser classificadas, na visão ecológica, como um ecossistema incompleto ou heterotrófico, dependente de grandes áreas externas a ele, para obtenção de toda ordem de suprimentos, garantindo assim sua manutenção e sobrevivência. 

A industrialização foi o motor das transformações na sociedade. Esta nova forma de cidade regida pelo capitalismo, além de modificar as formas de trabalho, altera também as relações sociais e as formas de apropriação do espaço: calçada na concepção de que os recursos naturais são infinitos, ocorreu a destruição e a exploração sem limites de outros ecossistemas para garantir a funcionalidade do primeiro. A civilização industrial relegou, e relega ainda hoje, todos os limites de interferência sobre os recursos naturais, explorando e deteriorando todos os ecosistemas resposáveis por sua manutenção; tranformando também áreas urbanas não em um local de convívio, encontro, moradia, trabalho e lazer, mas em um emaranhado de prédios cujas funções se limitam somente em morar e a trabalhar. Em 1972 Bateson definia as idéias da civilização como: a humanidade contra o ambiente, a humanidade contra a própria humanidade. É justamente por este desenrolar que as cidades hoje são palco de vastos problemas de ordem social, econômica e ambiental.

Segundo Maria de Assunção Ribeiro Franco, a sustentabilidade se assenta em três princípios fundamentais: a conservação dos sistemas ecológicos sustentadores da vida e da biodiversidade; a garantia da sustentabilidade dos usos que utilizam recursos renováveis e o manter as ações humanas dentro da capacidade de carga dos ecossistemas sustentadores. O conceito é complexo e exige mudanças fundamentais na maneira de pensar, viver, produzir e consumir.

A partir do século XIX começa, de forma pontual, o conflito entre desenvolvimento econômico e conservação e, hoje, a necessidade de adoção de padrões éticos que delimitem o grau das interferências humanas nos biomas terrestres é de tal ordem que fazem com que os conceitos considerados utopia romântica no mesmo século, passem a ditar preceitos de preservação e conservação nas agendas de desenvolvimento sustentável para o século XXI. 

O rio sempre permeou as manifestações culturais ao longo da história e, para diversas civilizações, sua presença significa riqueza e poder, mas também fúria e destruição. No Vale do Itajaí não foi diferente: as histórias de freqüentes enchentes que assolaram diversas regiões desde o início de sua colonização, marcam o Vale de maneira profunda e não podem ser desconsideradas quando se trata em estabelecer estratégias e ações que visem resolver problemas ambientais, econômicos e sociais.

A evolução desordenada das cidades e o uso e ocupação do solo de maneira inadequada, conseqüência de inúmeros fatores, anulou a importância do rio, reduzindo a sua presença a apenas sintomas perturbadores: mau cheiro, obstáculo à circulação e ameaça de inundações. O que outrora fora a base de toda a colonização e marco paisagístico, reduziu-se a áreas de conflito e de deterioração ambiental.

Pretende-se analisar o município de Brusque e estabelecer medidas de curto, médio e longo prazos para a problemática das enchentes partindo de uma visão integrada da bacia do Vale do Itajaí, resgatando a ruptura com o rio e alterando a percepção do  mesmo na paisagem em que está inserido. A partir da reconciliação e resgate do Rio surgirá um novo desenho urbano, com base nos preceitos do urbanismo, planejamento e desenho ambiental sustentáveis.

LOCALIZAÇÃO

A cidade de Brusque está inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí ao sul do Brasil, no estado de Santa Catarina. De forma mais específica, localiza-se na Zona do Médio Itajaí Mirim, que abrange parte das cidades de Lontras, Ibirama, Apiúna, Brusque, Botuverá, Guabiruba, Itajaí e Gaspar. A bacia compreende uma área de 15.000 km2, dos quais cerca de 80% se encontram na região da Mata Atlântica, montanhosa e fortemente entrecortada por rios e ribeirões.


Área - 283,45 km² 
Habitantes em 2010 - 105.495 mi habitantes (censo IBGE) 
Bioma - Mata Atlântica 
Posicionamento Geográfico - porção nordeste de SC 
Limites: 
 o Norte: Gaspar e Itajaí 
 o Sul: Nova Trento e Canelinha 
 o Leste: Itajaí e Camboriú 
 o Oeste: Guabiruba e Botuverá 


HISTÓRICO DE BRUSQUE


Na história das colonizações, o rio é a lógica que norteia a seleção do local para estabelecer as primeiras vilas e aldeias, por razões funcionais, estratégicas, culturais e patrimoniais.

“A História da colonização do Vale do Itajaí remonta ao início do século XIX. Havia, então uma razão importante para concentrar grandes contingentes imigratórios entre o planalto e o litoral de Santa Catarina. Os imigrantes não escolheram deliberadamente essas regiões de floresta para colonizar. Foi a colonização a estratégia adotada para abrir vias de comunicação entre o litoral e o planalto, e, o mais viável, era acompanhar os principais rios do vale.” 
Beate Frank, Uma abordagem para o gerenciamento ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí, com ênfase no problema das enchentes.

A colonização das terras de Santa Catarina, a partir do século XVII, deu-se principalmente ao interesse da Coroa Portuguesa na exploração de possíveis minas de ouro e a disputa com a Coroa Espanhola, que entendia lhe pertencerem as terras catarinenses. Durante o século XVII, os primeiros núcleos populacionais do litoral do Estado foram fundados: São Francisco do Sul (1658), Nossa Senhora do Desterro - Florianópolis- (1672) e Laguna (1684). A partir do século XVIII foram feitas diversas recomendações à Coroa para que se promovessem ocupações nas terras do Vale do Itajaí, consideradas férteis e estratégicas para a colonização. A primeira colônia instalou-se em Itajaí.

Centro de Brusque em 1957. Foto: Casa de Brusque

Logo depois que Itajaí foi elevado à categoria de Município, em abril de 1859, o Governo Imperial resolveu incrementar o desenvolvimento da região. Deste modo, foi autorizada a fundação da nova colônia à margem esquerda do rio Itajaí-Mirim com 4 léguas quadradas de superfície. Presidia então a Província de Santa Catarina o conselheiro Carlos de Araújo Brusque.

Em 4 de agosto de 1860, os primeiros 54 colonos alemães desembarcaram sob a chefia do Barão Schneeburg, a nova aglomeração tomou o nome de Colônia de São Luís Gonzaga. Essa denominação era pouco depois substituída pela de Itajaí. Finalmente em 17 de janeiro de 1890 o território fora denominado Brusque.

Com as notícias das possibilidades do solo, da grande quantidade de madeiras, e em vista da subvenção concedida pelo governo, novas levas de imigrantes rumaram para a colônia em formação. Os colonos eram empregados na construção de estradas e caminhos vicinais. Em fevereiro de 1861, a população era de 657 pessoas.

À medida que estradas eram abertas dentro do próprio município, para a ligação entre bairros e, especialmente para conexão das cidades limítrofes, os bairros se desenvolveram e urbanizaram  gradativamente. 

Construção Túnel Avenida Beira-Rio (lado direito) em 1989.
Fonte: Casa de Brusque


Construção Avenida Beira-Rio (lado direito) em 1989.
Fonte: Casa de Brusque


A instalação dos primeiros colonos se fez na Avenida das Carreiras (atual Hercílio Luz), seguido pela 1º  de Maio com a abertura da estrada entre Avenida das Carreiras e Poço Fundo, e ainda em alguns  trechos entre Av.das Carreiras e Cedro Grande. Por volta de 1960 grandes avanços na ocupação foram  registrados com a ocupação da Avenida Cônsul Carlos Renaux (atual via principal central) e  construção da Rodovia Ivo Silveira (ligação entre Brusque e Gaspar/Blumenau), Rodovia Antônio Heil  (ligação entre Brusque e Itajaí), Rua São Pedro (ligação entre Brusque e Guabiruba) e Avenida Beira  Rio (lado direito do Rio Itajaí Mirim). 


Praça Barão de Schneéburg (centro I) em 1960.
Foto: Casa de Brusque.


Vista do Centro: Lagoa natural que existia na Avenida das Comunidades em 1960. 
Fonte: Casa de Brusque


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